Search
Close this search box.
São Joaquim: uma Feira de cores, sabores e formas

São Joaquim: uma Feira de cores, sabores e formas

Escrito por Vaneza Narciso | Atualizado em:

A maior feira livre de Salvador possui aspectos culturais e gastronômicos bem peculiares. Tive a oportunidade de vistá-la algumas vezes. Na primeira vez, fui para realizar um trabalho acadêmico acerca da revitalização da Feira. A segunda, fui para conhecê-la desde um ponto de vista da fotografia. E foi maravilhoso. Considero esta feira um paraíso para os fotógrafos e um mergulho no cotidiano soteropolitano. Confira:


A visita fez parte do curso de fotografia para iniciantes ministrado pelo fotógrafo Roberto Faria professor da Escola Baiana de Fotografia. Foi realizada em um sábado ( pense, como é a Feira dia de sábado!) e nosso ponto de encontro foi em frente ao Palácio de Oxóssi, loja que vende artigos para candomblé. Daí seguimos para colocar em prática velocidade, abertura, profundidade, luz e cores.

Cestos de palha e a cabaça

diversas folhas, para diferentes objetivos…

guias, artigos para candomblé

Quando passei pelo setor de produtos para acarajé e abará, me deparei com o colorido do camarão seco, do feijão e do azeite de dendê. Além das cores, tem o cheiro, que não posso descrever… Na feira, você terá a oportunidade de conferir os produtos utilizados na fabricação da famosa iguaria baiana, o acarajé. E era isso que um grupo de turistas alemães estava fazendo, conhecendo a culinária baiana através de uma visita a Feira.

feijão macasso

grupo de turistas alemães visitando a feira, um deles com uma câmera na mão

amendoim descascado

feijão branco para dobradinha

feijão preto para feijoada

Hoje, não precisa de todo aquele trabalho para fazer a massa do acarajé.
Aqui na feira você compra a massa pronta
Os olhos ficam inquietos ao mesmo tempo em que precisamos de concentração. Captar a essência. Recortar uma cena que retrate o espírito da feira. Não é fácil. Requer atenção e cuidado. Se olho para o gengibre, não sossego até fotografar o alho. Se a pimenta é linda e cheirosa, procuro todos os ângulos possíveis para fotografar o côco ralado. E se a abóbora tá brilhando, sorrindo para mim, pedindo para ser fotografada, não perco tempo…rsrs.

Variedade de pimentas:

esqueça o trabalho de ralar côco, aqui você compra assim


E se tiver pouca luz? Fotografamos do mesmo jeito!


beterraba 



Deu vontade até de chorar quando conseguir fotografar o saco de cebola com um forte feixe de luz incidindo. Ah, você acha isso moleza?

mexe no ISO, na abertura, na velocidade…

ainda não deu…

agora sim!
E se você me perguntar qual o setor que eu mais gostei. Respondo: o das frutas. É vibrante e intenso. Tem muita gente e tem muita cor. O feirante me ofereceu uma tangerina, mas recusei, pois estava em horário de expediente…rsrs. Mas se eu pudesse levava tudo!

a Feira é geometria


Pisa aqui, pisa ali, e vamos caminhando, passando por verdadeiros labirintos. Chegamos ao setor de artesanato. Panelas de barro, cestos de vime e de palha. Namoradeiras e baianas de cerâmica. Pode comprar pra enfeitar a casa. E o espiral que não parava, quis fotografá-lo em movimento e acho que conseguir.
                     



luminária


A Feira de São Joaquim é um mundo de contrastes antropológicos e sociais. Não parece, mas este é um dos grandes roteiros fotográficos de Salvador. Todo fotógrafo que se preze quer vir à Feira realizar seu registro. Os feirantes sabem disso e já estão acostumados com os flashes.
Eu, infelizmente não conheço os feirantes, mas uma olhada mais atenta nos revela alguns detalhes. Pessoas de idades diferentes, culturas diferentes e com um astral diferente. Quando passávamos, alguns curiosos, perguntavam o que estávamos fazendo ali. Outros exibiam suas habilidades e faziam questão que fotografássemos. Outros, tímidos não queriam aparecer. Mas é só pedir permissão para fotografar que eles são bem simpáticos. Toda esta beleza, esta movimentação, esta eferverscência, é por causa deles. Viva aos feirantes!

relação antiga: feirante e cliente

fez pose de mexicano

Sr. Miranda, um dos feirantes mais antigos daqui

o negão cheio de estilo

esse, topou a brincadeira com os alhos que ele  vende
cansou, sentou e estaciona o carro ao lado

eu perguntei: “Vocês são gêmeos?” Um disse: ” Ele é minha xerox.”
Esqueci de tomar nota do nome destes feirantes. Mas na próxima visita vou escrever e colocar aqui neste post.
E a feira é limpinha? Sim e não. Há setores bem limpos e organizados, mas há outros que deixam a desejar. Se chover, vai lamear um pouquinho. Mas nada que tire essa beleza que emana dos produtos que são comercializados e do vai e vem da clientela e dos feirantes.
os carregadores. Esse pessoal trabalha duro


A Feira é segura? É sim. Porém, se for fotografar com equipamentos grandes e que chamam atenção, vá acompanhado. Como sempre digo: observe ao seu redor e veja se pode fotografar.

O trânsito nas vielas é intenso. São motos, carregadores com carro de mão, homens com pesos sobre os ombros, mulheres com sacolas e carrinhos de compra. Então, fique atento e não atrapalhe o fluxo.

A visita começou às 8:30 e terminou por volta das 12h.


História da Feira de São Joaquim

Em 1920, a Feira começa no 7º Armazém da Docas e era chamada de Feira do Sete. Daí, em 1932, foi para a Enseada de Água de Meninos. E na década de 1960, foi destruída pelo fogo e transferida para a Enseada de São Joaquim, local atual. Foi um incêndio criminoso na época da ditadura militar no Brasil. Para os feirantes e clientes que viveram o incêndio, o declarado interesse pela região onde era sediada a feira – local muito próximo do Porto de Salvador e área marítima onde estavam muitos dutos de petróleo – foi a maior causa pelo incidente que destruiu a Feira. Porém, até hoje não se confirmou que o incêndio foi criminoso, sendo atribuído a uma empresa de combustível da época a culpa pelo vazamento de gás que teria provocado o início das chamas.

A Feira de São Joaquim está na poesia de Carybé, no cinema de Sérgio Machado, no documentário de Fabíola Aquino, em filmes como “A Grande Feira”, nas fotografias de Sérgio Guerra, nos romances de Jorge Amado e no coração dos baianos. Já foi indicada para registro como Patrimônio Cultural e Imaterial do Brasil.

Quando fiz um trabalho acadêmico acerca da Feira, em 2005, discutimos sobre a importância de revitalizá-la e preservá-la. Projetamos uma feira com restaurantes panorâmicos ao fundo, com vista para a Baía de Todos os Santos, uma boa cobertura para os boxes, uma melhor exposição dos produtos, um mapa de localização e catalogação dos estabelecimentos. Tudo isso sem perder as características tradicionais da Feira. Quem sabe um dia isso se concretize…

Atualização: hoje a Feira dispõe de restaurantes com vista para a Baía de Todos os Santos.


Como chegar à Feira de São Joaquim:



A Feira fica localizada na Avenida Engenheiro Oscar Pontes, Calçada. A maioria dos ônibus que vão para o Subúrbio/ Cidade Baixa passam em frente. Na dúvida, pergunte ao motorista ou cobrador do ônibus.
Se for de carro, vá cedo pois é difícil encontrar vagas ao longo da Avenida.
Horário de funcionamento: 2ª a sábado, das 5h às 18h, domingo, das 5h às 14h.
Fontes consultadas:
Quem já passou por aqui: Matraqueando.
Siga o Vaneza com Z em:
O blog Vaneza com Z não possui parceria/ convênio com as empresas/ serviços citados no texto.

2 comentários em “São Joaquim: uma Feira de cores, sabores e formas”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima
× Como posso te ajudar?