Trilha Cachoeira da Fumaça por Baixo – roteiro de 3 dias

A trilha da Cachoeira da Fumaça por baixo é uma das trilhas mais difíceis da Chapada Diamantina, porém uma das mais belas e neste post você terá as informações básicas e importantes para uma preparação que lhe permita viver uma experiência incrível.

Primeiro, escrevo sobre como chegar no início da trilha. Em seguida, menciono como você deve se preparar. Daí, entramos na trilha para uma experiência de 3 dias. Ou seja, é um super post, mas você não vai se arrepender de ficar aqui comigo. Então, vamos lá!

Trilha da Cachoeira da Fumaça por Baixo – como chegar

Saímos de Salvador a noite para aproveitarmos o dia seguinte. O destino é a cidade de Palmeiras, porém pode ocorrer de você não encontrar passagem de Salvador direto para Palmeiras. Então, você pode comprar uma passagem até Lençóis e, depois, comprar de Lençóis até Palmeiras. Foi o que fizemos.

As empresas que fazem o trajeto Salvador/Palmeiras são: Guanabara e Rápido Federal. Minha experiência em comprar pela internet não foi boa, então tive que ir até a rodoviária de Salvador e comprar presencialmente. Moro em Salvador.

De Palmeiras para o Capão utilizamos as vans que fazem esse trajeto e a passagem não tem como comprar com antecedência.

É importante ressaltar que a trilha da Fumaça por baixo pode ser feita saindo de Lençóis ou do Capão. Dessas duas, qual é a melhor? Não sei, mas deixarei o contato do guia, ao final do post, para você buscar informações e agendar sua aventura.

Ah, sobre guiamento, deixo aqui um alerta bem direto: NÃO FAÇA ESSA TRILHA SEM GUIA. Sim, em caixa alta mesmo. Encontramos um grupo de 4 pessoas que saíram de Lençóis para fazer a trilha e estavam PERDIDAS lá na cachoeira do Palmital. Nosso guia, Márcio Ribeiro, encontrou essas pessoas simplesmente desesperadas. Então, reforçando: NÃO FAÇA ESSA TRILHA SEM GUIA. Entendido?

Voltando … Se você vai para a Chapada Diamantina de carro, você deixará o carro em Lençóis, seguirá de ônibus até Palmeiras e depois pega a van até o Capão. Fará os 3 dias de trilha e termina em Lençóis e pega seu carro.

Preparação

Quando você contrata um guia experiente, ele vai te passar todas as informações. Quando contratei o guia para a nossa turma de 4 pessoas, solicitei a preparação da nossa alimentação (café da manhã, almoço, janta), visto que, isso poupa tempo e diminui o peso que carregaremos nos 3 dias.

Foram 2 guias para essa trilha, pois um era mais experiente que outro na realização do trajeto. Um guia foi o Márcio Ribeiro com o qual trabalhamos há uns 5 anos, ele é nativo, tem conhecimento em primeiro socorros e possui mais de 20 anos de guiamento na Chapada. O outro guia foi o Luzineu, o mago das trilhas, um excelente profissional que conhece demais a trilha da Fumaça por baixo. Deste modo, reproduzirei algumas indicações do guia Márcio Ribeiro.

O que levar para acampar:

– Lanternas
– repelente
– protetor solar
– capa de chuva “não de plástico”
– chapéu
– Antialérgico (caso tenha alergia)
– meiao ou calças para trilha
– sandália
– blusa de frio
– Isolante térmico
– colchonete

Isso é o básico e os itens podem variar de acordo com a ncessidade e trajeto de cada um. Um conselho que eu dou: leve pouca coisa e nada de bolsa a “tira colo” (aquela que carregamos em um dos ombros). Tenha as mãos livres.

O que levar para comer:

– Oleaginosas (amendoim, castanhas, etc)
– Biscoito integral
– Frutas desidratadas

Preparação física e mental

Primeiro, é importante você saber que é uma trilha bem forte. Tem muitas subidas e descidas, ou seja, força muito as articulações do joelho. Anda-se por 3 dias algo perto de uns 35km. Assim, é importante uma boa preparação física. Se você é uma pessoa sedentária, sofrerá mais.

Fazer uma trilha permite que você teste sua resistência física e mental. Você sentirá dor, vai chorar, vai superar seus limites e verá que pode ir além. Então, eu sou da ideia que uma mente forte te possibilita ter um corpo forte. A trilha testará o quão forte é sua mente e seu corpo.

Pra mim, isso é o clímax da trilha. “Mas Vaneza, e a paisagem?” Considero a paisagem muito atraente, porém como nos comportamos no trajeto é onde rola o aprendizado. Durante a trilha se exercita muito, por exemplo, o trabalho em equipe, cuidado com a natureza e com o corpo. Você sai de qualquer trilha, outra pessoa.

Trilha Cachoeira da Fumaça por Baixo – dia 1

Chegamos a Lençóis as 5h da manhã e pegamos um ônibus para Palmeiras por volta das 6h. De lá, umas 8h, seguimos de van até o Capão e descemos no início da trilha da Cachoeira da Fumaça por cima. Primeiro, a gente passa pelo centro de visitantes, ouvimos uma palestra, pagamos algum valor (não lembro quanto foi), assinamos o livro e partimos. Mas antes não deixe de provar o pastel de jaca do Capão, de-li-ci-o-so!

Essa trilha é clássica na Chapada Diamantina e envolve 1 km de subida íngreme. Bom, essa é a boas-vindas, rsrsrs. O esforço é recompensado com uma vista de tirar o fôlego: o Vale do Capão que se estende majestoso com o imponente Morrão no horizonte.

Após essa subida, o terreno se torna mais “plano”, conduzindo-nos à primeira parada que é a surpreendente Cachoeira da Fumaça por cima.

Dependendo da época do ano, uma cortina de água se forma criando uma névoa que dança ao sabor do vento. Os mais corajosos (essa coragem eu não tenho mais), se posicionam na beira de uma pedra, para admirar o poço formado pela queda d’água e registram o momento com aquela foto clássica.

descida da Serra do Macaco

Após contemplar a Cacheira da Fumaça por cima, parece que a trilha começa de verdade, visto que, enfrentamos a temida descida da Serra do Macaco. Mas antes, uma pausa revigorante para um banho num poço e um lanche para recarregar as energias.

A descida é desafiadora: escalamos pedras, passamos por trechos estreitos e enfrentamos o capim-navalha, que faz jus ao nome. Porém, o visual do vale é estonteante. Belíssimo! Veja as fotos abaixo.

Devido a um atraso na saída da cidade de Palmeiras, descemos a Serra do Macaco com o dia avançando e a noite se aproximando. A ansiedade aumentava: “Cadê esse lugar que não chega?”, “Está longe?”. O guia, sempre otimista, nos assegurava estarmos quase lá na Toca do Macaco onde acampamos. E, para nossa alegria, às 18h em ponto, chegamos à Toca do Macaco, nosso acampamento próximo ao Rio Fumaça.

Armamos nossa barraca, tomamos um revigorante banho gelado no rio enquanto os guias preparavam nosso jantar. O dia se encerrou com a alma aquecida pelo fogo, um céu estrelado iluminando nossas vidas, uma deliciosa refeição que nutria nossos corpos e boa companhia. Tem coisa melhor?

Dia 2 – Acampamento Toca do Macaco e Cachoeira da Fumaça por baixo

Sobre acampar na Toca do Macaco digo que foi uma experiência muito tranquila. Claro que acrescentamos o fato de estarmos cansados, mas o local que os guias nos acomodaram nos proporcionou um sono reparador.

A Toca do Macaco fica pertinho do Rio Fumaça. Armamos nossa barraca que cabe até 4 pessoas e arrumamos as mochilas na barraca. Para um pouquinho de conforto e proteção contra o frio, colocamos os colchonetes. É importante termos uma lâmpada na barraca e posicioná-la no centro, bem como manter a barraca sempre fechada para evitar entrada de insetos.

Acordamos cedo e o café da manhã estava posto pelos guias. Os itens para alimentação são básicos, mas é tudo que precisamos para nutrir o corpo com os macronutrientes que nos darão energia para enfrentar os desafios. Veja as fotos do nosso café da manhã.

da Toca do Macaco até a Cachoeira da Fumaça por baixo

E por falar em desafio, nesse segundo dia o objetivo foi conhecer a Cachoeira da Fumaça por baixo. Lá fomos nós, desde a Toca do Macaco, que fica às margens do Rio Fumaça, até a queda d’água da famosa Cachoeira. Nossa amiga Raulene topou o desafio do segundo dia, porém não suportou o trajeto e voltou no meio do caminho com o guia Márcio. Eu, minha irmã e meu cunhado seguimos com o guia Luzineu. Percebeu a importância de dois guias?

O trajeto é repleto de pedras, é um sobe desce que exige uma coluna pelo menos estável. O joelho é requisitado o tempo todo. É quase uma escalaminhada, rsrs.

Trilha da Cachoeira da Fumaça por baixo

Após quase 2h e 30min de muita transpiração, lá chegamos! Abaixo da Cachoeira da Fumaça vemos o poder de Deus bem diante de nossos olhos. Não dá nem para descrever o local e a emoção de ali estarmos. Apenas olhamos e contemplamos. É algo surreal.

O guia Luzineu nos deixou bem a vontade para curtir aquele momento. A água do poço que se forma é muito, mas muito gelada. A fina cortina de água que vai se formando é como um balé das águas. O som dos pingos caindo é uma orquestra da natureza. O vento friozinho pede recolhimento. Os pássaros passam desfilando e cantando. Talvez querendo nos avisar que ali é um lugar mágico. Que energia!

Retornamos à Toca do Macaco em um tempo recorde de 1h e 50min. Sim, pelo nosso condicionamento físico trilhamos num passo constante e rápido.

Almoçamos na Toca do Macaco e de lá seguimos para acampar na Capivara (quase beira do rio) e lá, sim, teve muita emoção. rsrsrs

Trilha da Cachoeira da Fumaça por Baixo – dia 3 – da Capivara a Lençóis via Palmital

A intenção era acampar na Cachoeira do Palmital, mas nossa amiga Raulene ainda sentia dores no joelho. A bichinha até chorou, pois tinha medo de não conseguir terminar os 3 dias de trilha. Lembra que eu falei do preparo mental?

Então, quando passamos por momentos de dor ou sofrimento a sensação é de que as coisas não vão melhorar ou de que não vamos conseguir sair daquela situação. No entanto, sejamos resilientes e vamos criar coragem para prosseguir e sair da situação que nos causa ansiedade. Claro que nossa amiga Rau completou o circuito e saiu vitoriosa!

Bom, não subimos pro Palmital e seguimos beirando o Rio Capivara e acampamos uma noite ali.

Acampamento Rio Capivara

Gente, mas pense numa emoção essa noite! Rsrsrs … olha o local onde o guia indicou para armarmos a barraca:

No início, tudo lindo. Jantamos e ficamos ali admirando o céu estrelado. Coisa perfeita!

Lá pra umas 21h fomos dormir, pois como sempre o cansaço é o nosso analgésico. Mas quando deu umas 23h começou um vento bem forte e que não sossegou e que nos tirou o sossego. Pensamos que iríamos voar com barraca e tudo, kkkk. O guia Márcio Ribeiro veio nos ajudar durante a madrugada a amarrar uma corda numa pedra para manter a barraca firme. Pense numa noite que nunca passava, rsrs. Porém, sobrevivemos e estou aqui para contar a história para você!

O entorno do local onde acampamos é lindo e tem uma cachoeira belíssima. Veja fotos:

Após o café da manhã, por volta das 7h, subimos para a Cachoeira do Palmital e seguimos para finalizar a trilha em Lençóis. Pela manhã, o tempo estava bem frio e havia uma mistura de neblina e chuva fina. Subimos …

Lembra da história do grupo perdido? Então, foi aqui na Cachoeira do Palmital que o guia Márcio encontrou eles. Esse grupo queria fazer a trilha utilizando apenas o GPS do celular, mas quando este falhou, ficaram desesperado ali pertinho da cachoeira. Após esse encontro, ou digamos, salvamento, eles nos seguiram até Lençóis.

Agora, dá uma olhada na Cachoeira do Palmital:

Linda não é?

da Cachoeira Palmital até Lençóis

Seguimos para Lençóis e a partir daqui é um sobe desce, mata aberta e fechada, cansaço batendo forte, fome que não acaba, ainda assim, a trilha é gostosa demais!

Chegamos em Lençóis no final da tarde no local conhecido como Ribeirão do Meio e ainda andamos mais uns 3km até o estacionamento e lá o guia solicitou um táxi para nos levar até a hospedagem – a casa do guia Márcio – para que pudéramos nos recompor.

Á noite, saímos para comer algo no centro de Lençóis e resenhar sobre os 3 dias da trilha da Cachoeira da Fumaça por Baixo que foram simplesmente ma-ra-vi-lho-sos!

Anote:
Guia Márcio Ribeiro – 075 99805-1979
Instagram: @guiamarcioribeiro

Outras trilhas na Chapada Diamantina na Bahia:
Vale do Pati
Cachoeira do Mixila
Cachoeira da Fumacinha

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