Este é o primeiro museu da Bahia, fundado em 1918 e um dos dez primeiros museus do Brasil. Possui um acervo composto por obras particulares doadas e outras aquisições de grande relevância artísticas como pinturas de Manoel Lopes Rodrigues, Caravaggio, obras religiosas, porcelanas europeias, prataria, ourivessaria, indumentárias e mobiliário barroco, da época do Império e uma cadeira de arruar.
Estamos diante de um local com riqueza cultural por dentro e por fora. Neste post, escrevo sobre o acervo e no próximo acerca do edifício (leia aqui).
No andar térreo temos uma coleção de madeiras raras feita pelo médico baiano Dr. Antônio Berenguer com cerca de 600 espécies, agrupadas por ‘famílias’, como jacarandá, cedro, ipê, canela, louro, mogno, imbuia, peroba, eucalipto, etc. As madeiras em formato de livros estão preservadas dentro de dois belíssimos armários chamados de “Riquezas do Brasil”.
Trabalho de artistas entre os séculos XVIII e XXI que vai do barroco ao contemporâneo |
As salas do térreo são para exposições temporárias. Uma que visitei e amei foi Mestres das Gravuras e relatei neste post. Dessa vez fui ver a exposição dos 24 anos da atuação da Sylvia Athayde, diretora do Museu de Arte da Bahia. Como diz a própria introdução, esta seria uma prestação de contas para a sociedade de tudo que já foi feito ao longo desses anos. A Sylvia assumiu o museu em 1991, depois de 2 anos em que ele ficou fechado. De lá pra cá, muita coisa foi melhorada e exposições nacionais e internacionais passaram por este prédio. Vale a pena conferir esta exposição que vai até 31 de Março.
Linha do tempo das ações no Museu de 1991 a 2014 |
No andar superior, temos a exposição permanente do museu como mobiliários, porcelanas, utensílios de prata e ouro, bem como pinturas nacionais e estrangeiras. Não é permitido fotografar, nem foto panorâmica. A visita começa do lado direito após subirmos as escadas. Nesta sala encontramos o mobiliário barroco da época do Império. São canapés, camas, oratórios, cômodas, preguiceiros e outros.
Mobiliário da época do Império e madeira rara. Direta: do século XVII, uma cama dossel de jacarandá |
Pianola costureira no canto desta sala, cômodas e mesas |
Depois, vamos para a sala das porcelanas, uma mais linda que outra. A maioria é francesa e foram usadas por barões, marqueses e gente da alta sociedade. Algumas peças possuem brasões com o nome do proprietário. Os cristais Bacarat são belíssimos e são representados por utensílios de mesa como taças, compoteiras, queijeiros, etc. Algumas também são chinesas denominadas porcelanas da “Companhia das Índias”.
Sala das porcelanas |
É possível observar obras religiosas provenientes do Brasil Colônia e fruto do trabalho de grandes artífices baianos como Manuel Inácio da Costa, Aurélio Rodrigues da Silva, Basílio Antonio Rodrigues Setúbal.
Oratórios, esculturas religiosas. Obras de madeira e marfim. |
As pinturas tem lugar especial no Museu. São trabalhos de grandes artistas baianos como José Joaquim da Rocha um dos fundadores da Escola Baiana de pintura, Manoel Lopes Rodrigues, aluno do pintor espanhol Miguel Navarro Cañizares, aqui em Salvador. José Teófilo de Jesus, aluno de José Joaquim da Rocha.
Escola Baiana de pintura |
Não esquecemos dos artistas estrangeiros que possuem obras expostas no Museu e foram adquiridas por Jonathas Abbott no Século XIX. São eles: Francisco de Goya, o italiano Giacomo Cavedoni, o frânces Édouard Viénot e Giuseppe Leone Righini. As obras destes artistas foram submetidas a estudos quanto a autenticidade por especialistas da Coroa Britânica, do Museu do Louvre, da Unicamp e da USP.
Dois Véus, Manoel Lopes Rodrigues |
Há cópias das obras de Guido Reni,Caravaggio, Annibale Carracci, Murillo, Rembrandt, Théodore Géricault, e outros.
Ao terminar a visita você se depara com esta peça única:
Cadeira de arruar |
Meio de transporte usado no Brasil Império em que carruagem era exclusividade da Coroa e os que não colocavam o pé no chão, eram carregados pelos escravos nos ombros.
Ilustração de Debret |
Não deixe de passar na lojinha, mesmo que não compre nada, você pode ver catálogos das exposições que já ocorreram no Museu, publicações sobre museus, pinturas e pintores expostos no Museu, cartão postal e muita coisa legal. Mas só aceita pagamento em dinheiro.
Lojinha do Museu |
O Museu de Arte da Bahia é único pelo seu acervo composto de obras particulares e que nos ajudam a perceber como vivia a sociedade na época do Brasil Império e Colônia. Além disso, nos apresenta grandes pintores e artífices baianos que com suas obras abrangeram desde o barroco ao contemporâneo. É mais que recomendada uma visita!
Museu de Arte da Bahia
Horário: terça a sexta, das 13h às 19h.
Sábados, domingos e feriados, das 14h às 19h.
Endereço: Av. Sete de Setembro, 2340, Corredor da Vitória. Telefone: (71) 3117-6902/08
Agradeço a Cleide Nunes, assessora de comunicação do Museu que gentilmente disponibilizou as fotos para elaboração do post.
Créditos das fotos: Sérgio Benutti
Confira:
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