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Vale do Pati – planejamento – Chapada Diamantina – Bahia

Vale do Pati – planejamento – Chapada Diamantina – Bahia

Escrito por Vaneza Narciso | Atualizado em:

O que você precisa saber antes de ir ao Vale do Pati, na Chapada Diamantina, Bahia?  Este post esclarece algumas dúvidas do que levar para um dos cinco mais lindos trekking do mundo ( segundo as revistas especializadas), quais os roteiros do Pati, quais os atrativos, como é a hospedagem no Pati e muito mais. É um post extenso como o Vale do Pati e o que não for respondido aqui, você pode perguntar ao seu guia.
recepção do Vale do Pati

Antes de falarmos sobre como se preparar para conhecer o Vale do Pati, gostaria de mencionar que o Vale não é simplesmente um lugar. O Vale do Pati é uma ideia, é uma forma de ver a vida com mais leveza. O Pati é lição de vida para quem interage de verdade com a natureza e com as pessoas. Pode ser clichê, mas quando você estiver lá , entenderá plenamente o quero dizer.

Onde fica o Vale do Pati?

 

Fica no Parque Nacional da Chapada Diamantina, na Bahia, sob administração do ICMBIO ( Instituto Chico Mendes) . O Vale abrange os municípios de Andaraí, Mucugê e Palmeiras e divide-se em: Pati de cima, Pati do meio e Pati de baixo.

Saindo de Salvador, você pode ir de ônibus com a empresa Rápido Federal num trajeto de 6h. A viagem é tranquila, mas o ar condicionado do ônibus é bem frio, leve um cobertor. A passagem em ônibus convencional custa 86 reais e você compra pela internet. A linha 2 do metrô, que sai da Estação Aeroporto passa pela Rodoviária e a depender do horário do seu vôo dá para você pegar o ônibus das 23h, chegar em Lençois as 5h da manhã e seguir pro Vale do Pati com seu guia.

Se for de carro é só traçar a rota no Google maps.

No Vale não transita carro e o único acesso é a pé ou com animais.

animais transportando mantimentos dos moradores do Vale do Pati

Quais as entradas para o Vale do Pati?

Andaraí – subindo a Ladeira do Império.
Palmeiras – entrando pelo Vale do Capão.
Mucugê – entrando pelo povoado do Guiné subindo o Beco. Uma entrada alternativa é a Trilha dos Aleixos.

Se você estar em Lençóis, o Vale do Capão dista 72 km, o Beco da Guiné dista 87 km, a Trilha dos Aleixos dista 92 km e Andaraí 98km. Todas as entradas inclui subidas íngremes.

Há visitantes que nem passam por Lençóis, vão direto para o Vale do Capão, Guiné ( ou Palmeiras) ou Andaraí. Vão de carro ou ônibus até estes locais, se hospedam por uma noite e seguem com o guia contratado para o Vale do Pati.

A “melhor” entrada depende do que você quer conhecer, da sua disposição física e do tempo que você tem disponível. Se você tem apenas três dias para conhecer o básico do Vale do Pati, a melhor entrada é pelo Beco do Guiné.

Qual melhor época para visitar o Vale do Pati?

 

Se você quer ver as maravilhosas quedas d’água das cachoeiras, é melhor visitar o Vale do Pati em épocas de chuvas ( junho-agosto, dezembro-fevereiro). Porém o acesso aos atrativos é bem complicado. Muita lama, terreno escorregadio e mais esforço físico. Algumas trilhas não podem ser feitas, como exemplo, a trilha do Morro do Castelo. Já a trilha do Cachoeirão por baixo, é interessante com um pouco de água nos córregos que destacam a beleza de dezenas de cachoeiras que se formam no local.

Em se tratando da Chapada Diamantina como um todo, a época de chuva limita o acesso aos atrativos e há risco de trombas d’água, uma trilha quase impossível de ser feita em época de chuva é a da Cachoeira da Fumacinha que fica na cidade de Ibicoara.

Em minha humilde opinião, eu prefiro ir com pouca chuva ou nenhuma. A beleza da Chapada Diamantina impressiona com água ou sem água. Fazer uma trilha em terreno seco é uma maravilha! Se for em época de chuva, o guia adaptará o roteiro ao tempo chuvoso. E por falar em guia …

Onde contratar um guia de turismo para o trekking do Vale do Pati?

 

Na hora de contratar um guia, é importante verificar se ele(a) tem experiência nas trilhas do Vale do Pati. O fato de ser guia nativo da Chapada, não significa que ele é experiente no Vale do Pati. Beleza?

Dá para fazer o Pati sem guia? Dá. Mas só se você for fera em trilhas. Fera mesmo! Havia um rapaz que saiu de Mucugê andando, trilhando o Pati apenas com um mapa e um GPS, sozinho! O guia além de ter conhecimento das trilhas, estará preparado para te dar os primeiros socorros. Eu precisei enfaixar o joelho pois doía muito e o guia Márcio tinha tudo que eu precisava.

Ah e saiba que você pode precisar de guia de turismo por bem ou por mal, pois quando ocorrem resgates quem vai salvar o visitante é o guia nativo que conhece bem a área de resgate e que faz parte da brigada da região.

 

Associação de Guias da Chapada Diamantina

Há 4 anos que utilizamos o serviço do guia de turismo Márcio Ribeiro, ele mora em Lençóis, é nativo da Chapada e nos cobrou R$1.600 para três pessoas por três dias de guiada (com tudo incluso: hospedagem, transfer e dividiu o lanche dele com a gente). Ou seja saiu algo perto de R$540 por pessoa. Além do mais, ele é  um excelente fotógrafo. Recomendadíssimo!

Se você quer contratar uma agência, confira o site do Guia da Chapada Diamantina. Só lembrando que contratar uma agência sai mais caro que contratar um guia. Ok?

Onde se hospedar no Vale do Pati?

No Vale do Pati há sinal de wi fi, mas só disponível para os nativos. Há também comunicação via rádio entre os moradores e alguns guias. Nossa reserva foi feita via rádio quando estávamos no primeiro mirante do Pati. Não há sinal de telefone (olha que maravilha! rsrs).

Ficar em mais de uma hospedagem é uma experiência interessante.

Igrejinha – a primeira hospedagem no Vale, a mais procurada devido sua localização estratégica para quem tem poucos dias e a que possui maior capacidade para receber hóspedes. Tem ambiente mais animado e despojado das demais hospedagem no Pati.

Seu Wilson – local reservado, pequeno e simples, fica próximo a casa do Seu Agnaldo.

casa do seu Wilson

 

Seu Agnaldo – localização excelente bem em frente ao Rio e ambiente animado e aconchegante. Fica no início da trilha para o Morro do Castelo.

Dona Léia – bem próxima a Dona Raquel e com vista para o Morro do Castelo. Fica próxima a casa de Dona Raquel.

Dona Raquel e João ( filho de dona Raquel) – ambiente excelente, recepção perfeita e estrutura satisfatória. Mais abaixo eu descrevo nossa passagem por esta hospedagem.

Casa do Mirante – bem ao lado da casa de Dona Raquel.

Prefeitura – hospedagem para quem vai passar mais de três dias no Vale do Pati, quer tenha entrado pelo Guiné ou Andaraí. Tem uma vista belíssima para o Morro do Castelo e fica bem no meio do Vale.

Seu Eduardo – localizado no caminho para quem vai fazer a trilha do Cachoeirão por baixo.

Dona Linda – localizada no início do Vale pra quem entra por Andaraí e é uma boa opção para quem vai fazer o Cachoeirão por baixo no próximo dia.

Seu Antônio e Dona Dagmar – também localizada no início do Vale e entre a casa de Dona Linda e Seu Jóia.

Seu Jóia – é a primeira hospedagem do Vale quando se entra por Andaraí.

As hospedagens oferecem camping que custam a partir de 30 reais.

Hospedagem Dona Raquel no Vale do Pati

 

Nossa hospedagem no Vale do Pati foi na casa de Dona Raquel. Excelente! Nota mil! Tudo simples e aconchegante. Água do chuveiro gelada, lembrava cachoeira, rsrs. O café e a janta estão no pacote e  foram de-li-ci-o-sos, uma variedade enorme que incluía godó de banana e palma, pratos típicos da região e pão caseiro. Na janta, dona Raquel sempre fazia uma sobremesa para agradar os hóspedes. Valor da diária: R$120 por pessoa.

A vista do nosso quarto era sem palavras, de frente pro Morro do Castelo (ou como os nativos chamam Morro da Lapinha ou Morro das Cabras). Acordávamos ao som dos passarinhos e admirávamos o topo do Morro coberto de neblina. Tudo simples, mas extremamente bem cuidado.

Além de Dona Raquel o filho dela, o João, oferece a casa para hospedagem. Eles são um dos pioneiros em receber os visitantes no Vale do Pati e são muito hospitaleiros. A todo momento tem merenda, café e suco a nossa disposição. Você sempre vai conhecer novas pessoas e quem sabe encontrar alguém conhecido, rsrs.

A maioria das hospedagens possuem espaço para Camping (valor de R$20-30) e com refeições ( café e janta) fica por R$ 40-50.

casa da Dona Raquel. Olha só a vista deste lugar …

 

Qual a base mais estratégica para conhecer o Pati em três dias?

Se é sua primeira vez no Vale do Pati, é bom ficar em qualquer hospedagem até Dona Raquel (ou seja: Igrejinha, Agnaldo, Wilson, Léia e Dona Raquel). Ficando em uma destas, em três dias você conhece o básico do Vale do Pati tranquilamente. Mudar de hospedagem será inevitável para um roteiro de 4 dias ou mais e talvez desnecessário para um roteiro até 3 dias. Penso eu …

Quais os atrativos do Vale do Pati?

O mapa abaixo contêm atrativos e as hospedagem:

É bem possível que exista outros atrativos que os nativos do Vale do Pati descobrem ao longo do tempo e vão fazendo trilhas para os visitantes.

Qual o roteiro para conhecer o Vale do Pati em três dias?

Dia 1– subida pelo Beco saindo do Guiné, Mirante da Rampa, Mirante do Pati e chegada na casa de Dona Raquel. Um trajeto aproximado de uns 15 km.

Dia 2– Morro do Castelo e Cachoeira dos Funis. Um total aproximado de 18 km com subidas bem íngremes. A descida do Morro força muito o joelho.

Dia 3– Trilha do Arrodeio, Cachoeirão por cima, Mirante da rampa e saída do Vale do Pati descendo o Beco até o povoado do Guiné. Um total aproximado de 22 km.

Os guias possuem roteiros “prontos”, mas são mais flexíveis e adaptam a programação à circunstâncias de cada visitante. Ah, e muito cuidado ao formar grupo, é preciso um mínimo de sintonia e de ritmo de caminhada entre as pessoas. E por falar em ritmo de caminhada …

Qualquer um pode fazer o trekking do Vale do Pati?

Depende.

Se você é uma pessoa sedentária, sentirá muito cansaço, dor e talvez não termine as trilhas, vai atrapalhar um grupo e dará mais trabalho ao guia. Se você é uma pessoa que se exercita com regularidade (mínimo de 4x por semana) vai sentir muita dor, mas vai suportar e fará as trilhas tranquilamente (meu caso).

É importante preparo psicológico para suportar as longas caminhadas. Ver o destino e saber que antes dele tem uma ladeira terrível te aguardando requer o mínimo de serenidade, mesmo com o sol castigando o juízo.

O trekking do Vale do Pati requer algum preparo físico. Subir e descer morro, forçará o joelho e você talvez saiba que descer é pior que subir. Assim, caso tenho problemas com o joelho, faça um preparo antes, pergunte a um fisioterapeuta quais as recomendações e vá prevenido.

O Vale do Pati aflora todos os problemas que o ser humano tem ou não sabe que possui. O Vale do Pati não é para quem quer, é para quem pode. Por tanto, previna-se!

e o meu joelho sentiu bastante o sobe e desce do Pati

 

E se eu não conseguir fazer todas as trilhas e sentir muita dor?

Você contratará uma mula que custa entre 300 e 400 reais e voltará nela, rsrs. Por isso, atenção a quilometragem por dia de caminhada. Cuidado com grandes rotas e muito sobe e desce e cuidado com o sol escaldante. Para iniciantes, como eu, vá devagar …

O que levar na mochila para três dias?

Leve apenas o necessário (sério, rsrs). Viaje leve. Menos é mais.Mas isso depende também da época. Se estiver chovendo, carregará mais peso por causa de roupas de frio. Se for em época de pouca chuva, carregará roupas frescas que enxugam com facilidade.

Para vestir :

– 1 calça comprida que seque fácil para trilha;
– 1 legging de cor escura;
– 2 camisas tipo UV manga comprida;
– um maiô ou 1 biquíni;
– uma canga ou toalha de banho;
– 1 tênis ou bota;
– um par de meia;
– 1 sandália tipo Havaiana;
– uma roupa para dormir;

se for homem:

– bermuda tipo surfista;
– camisa de algodão manga curta;

Nas hospedagens há roupa de cama, toalhas e sabonete líquido. Ao retornar da trilha lave sua roupa para o dia seguinte. A depender da época, seca rápido.

Para comer

Leve coisas fáceis de fazer e manipular. Algo que te dê energia rápido e hidrate o corpo, pois você vai suar bastante e suor é sinal de desidratação. Levamos por exemplo:

– pão de forma;
– creme ricota/queijo/ amendoim;
– barra de cereal;
– chocolate;
– isotônico;
– água (mas não precisa ser muita não, pois nas trilhas há minadouros para reposição);
– paçoquita (rsrs);
– biscoitos;

Para cuidados pessoais sugerimos um mini kit primeiro socorros:

– bastão de trilha;
– gel muscular tipo Massageol;
– analgésico muscular tipo Dorflex;
– chapéu do tipo que cobre os ombros;
– gaze e esparadrapo;
– produtos de higiene pessoal, não esquecendo de: protetor solar e repelente ( não usamos quando fomos) e creme hidratante;

Se você tem outras sugestões deixe nos comentários.

Há mercados, bares, ou algo parecido no Vale do Pati?

As hospedagens comercializam alguns produtos tipo: cerveja, biscoito, sabão e outros. Uma latinha de cerveja custa 8 reais.

No Vale do Pati, todos são iguais e tratados com igualdade. Não há hospedagem mais cara e luxuosa pra um e hospedagem barata e simples para outro. Todas as hospedagens são simples e aconchegantes com o mesmo preço para todos, inclusive o camping! O chefe e o subordinado, o rico e o pobre, o nível médio e o Phd, estarão na mesma hospedagem, fazendo talvez a mesma trilha, sentindo as mesmas dores e comendo na mesma mesa. E reforçando: o trekking mais bonito do Brasil não é simplesmente um lugar e sim uma ideia. Desconectar-se da loucura da urbanidade e descobrir como a natureza pode nos ajudar a superar desafios.

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3 comentários em “Vale do Pati – planejamento – Chapada Diamantina – Bahia”

  1. Parabéns seu post está bem detalhado e o principal é que aborda praticamente tudo sobre o Vale do Pati.
    Só tenho uma observação: saindo da igrejinha passa por uma pinguela para descer até o Rio do Funis, onde segue uma trilha na sua margem direita, passando por algumas cachoeiras até uma descida ingrime de umas raízes de árvores e após a subida para as hospedagens. Como posso melhor identificar essa subida para o acampamento?

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