Olhos que Condenam (When they see us) é uma série da Netflix que destaca muito bem como o sistema prisional dos Estados Unidos é racista e como a injustiça deixa sequelas irreparáveis. Além disso, esta série fará você refletir sobre como as marcas da injustiça se mantém abertas e como a sociedade perpetua esta injustiça.
Olhos que condenam – linha de investigação
Em 1989, após um caso de estupro de uma mulher que corria no Central Park durante noite, a polícia de Nova York traçou uma linha de investigação equivocada e ao perceber o erro optou por continuar nele. As provas colhidas não apontavam para nenhum dos cinco acusados e mesmo assim eles foram sentenciados a prisão. Um dos jovens condenado foi enviado diretamente para prisão de segurança máxima com apenas 16 anos.
Daí, surgem alguns questionamentos ao longo do filme: por que a maioridade penal nos EUA varia entre 12 e 16 anos? Como os negros são afetados por esta maioridade penal? Há punição para os erros cometidos pelos agentes públicos do sistema judiciário dos EUA?
Prisão
Os cinco jovens foram condenados a 12 anos de prisão e enviados para diferentes locais carcerários, sendo que, quatro foram enviados para reformatórios por serem menores de idade. Porém, Korey Wise, com dezesseis anos, foi enviado para prisão de segurança máxima.
Assim, a situação de Korey Wise foi a mais dolorosa e nos faz refletir: qual o grau da deficiência deste sistema penitenciário dos EUA? É possível mensurar o dano causado pela injustiça acometido a um jovem de 16 anos?
Se você deseja saber como vivem hoje os jovens que foram condenados injustamente, confira a entrevista com Oprah Winfrey.
Olhos que condenam – apoio familiar
Esta foi a parte que mais me chamou atenção, pois o apoio familiar foi fundamental na maneira em como cada um suportou a situação. Por exemplo, a Angie Richardson, irmã de Kevin Richardson, em uma das visitas ao irmão, junto com a família, incentiva o irmão a viver com um propósito. Daí, a mãe de Yusef Salamm, um dos condenados, ajuda o filho a buscar amparo na religião. No entanto, Korey Wise foi transferido para uma penitenciária bem distante de Nova York e como as ligações telefônicas na penitenciária são caras, ele pouco se comunicou com sua mãe.
Reparação
A injustiça deste caso não é descoberta, e sim, revelada. Ademais, estanca os erros que resultaram na injusta condenação dos cinco jovens. Os agentes públicos envolvidos nunca foram julgados pelos seus erros e depois da repercussão desta série na Netflix, a promotora responsável pelo caso, Linda Fairstein perdeu contratos e posição em Conselhos. Além disso, os cinco condenados entraram com pedido de indenização contra a cidade de Nova York e ganharam o valor de 41 milhões de dólares.
Este filme expõe a discriminação racial do sistema prisional dos Estados Unidos, por isso complementando o assunto, assista o documentário 13ª Emenda, com direção de Ava DuVernay.
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